Rihanna na política: de Barbados a F*ck Trump

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Se você é fã da Rihanna em 2020, bem sabe que a música já não é mais o carro chefe da (ex)cantora atualmente; e se você acompanha ela bem de perto assiduamente, sabe que não é só de produtos Fenty que ela vive hoje em dia.

“Mas não era cantora?”

Ela tem sido muito presente e influente na vida política como ativista e filantropa. Além de empresária bem sucedida, Rihanna é também uma diplomata! Desde 2008, Rihanna havia sido apontada como Embaixadora Cultural de Barbados por realizar muitos trabalhos e exercer grande influência. Com os anos, essa influência e responsabilidades cresceram, afetando muito a sua imagem como pessoa pública e cidadã política.

Rihanna Drive Barbados

O diplomata é um representante de seu país de origem perante outras nações. Entre suas funções, o diplomata negocia acordos internacionais, incentiva relações culturais e econômicas internacionais, promove os interesses e busca melhorar a imagem do país no exterior.

Como a Rihanna é a pessoa mais influente de Barbados no mundo, investindo incessantemente na saúde, cultura e contribuindo com o turismo da sua terra natal, conquistou o título de Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária (uma espécie de diplomata) de Barbados. O cargo acarreta a responsabilidade de promover a educação, o turismo e o investimento no país — trabalho esse que faz com sua fundação Clara Lionel Foundation (cujo nome é uma homenagem aos seus avós), arrecadando fundos desde 2012 para diversos projetos sociais pelo mundo, incluindo o Brasil.

Rihanna no Malawi - Clara Lionel Foundation

O posicionamento político sempre esteve lá

Como ativista, Rihanna deixa claro seu posicionamento político em entrevistas, trabalhos artísticos, e principalmente nas redes sociais, tendo também já cancelado apresentações em grandes eventos para protesto. Inclusive, Rihanna incentivou fãs e seguidores norte-americanos a votarem e participarem das eleições, já que nos EUA o voto não é obrigatório, mas a quantidade de eleitores pode ser crucial na decisão do novo presidente, como aconteceu neste ano com a vitória de Biden, em eleição histórica por números de votos.

Desde a última corrida eleitoral norte-americana, Riri já se posicionou publicamente inúmeras vezes contra o então presidente dos EUA, Donald Trump. Há alguns anos, a diplomata usa as redes sociais para falar o que ela pensa a seu respeito. A cantora inclusive já pareceu se irritar com uma pergunta sobre o álbum novo no Instagram, e respondeu, criticando-o: “Parem de me perguntar sobre o álbum enquanto estou tentando salvar o mundo, ao contrário do presidente”, além de ter publicado uma foto contando os dias para as eleições com um recadinho bem direto ao até então presidente Donald Trump. O recado deu o que falar e os trumpminions fizeram de tudo para tentar atacá-la.

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Não é novidade para ninguém e nem segredo a imagem racista, homofóbica, machista, misógina e xenófoba que Trump carrega consigo e compartilha em seus discursos. O presidente já insultou e ameaçou latino-americanos e negros que vivem no país.

Como mulher, negra e latino-americana, que atravessou o oceano para realizar um sonho na América do Norte, e construir um império, como canta na música intitulada ‘American Oxygen’, Rihanna, nascida em Barbados, ilha do Caribe, se abriu sobre o fato de ser imigrante nos Estados Unidos desde 2005 e discorreu sobre assuntos relacionados à política.

A voz de Rihanna é a voz do povo

A cantora fez uma publicação no Instagram respondendo a uma postagem do presidente americano, onde ele escreve: “O tiroteio de hoje em El Paso, no Texas, não foi somente trágico, mas um ato de covardia. Estou com todos no país que condenam esse abominável ato de hoje. Não há razão ou desculpas que justifique matar pessoas inocentes”.

Rihanna respondeu dizendo:

“Donald, você escreveu errado ‘terrorismo’. Seu país teve dois ataques terroristas um após o outro, em poucas horas, deixando quase 30 inocentes mortos. Isso, poucos dias após outro ataque terrorista na Califórnia, onde um terrorista foi capaz legalmente de comprar uma espingarda (AK-47) em Las Vegas, depois dirigir horas até um festival gastronômico em Cali, deixando seis pessoas mortas, incluindo um garotinho”, iniciou a cantora.

Ela continuou: “Imagine um mundo onde é mais fácil conseguir um AK-47 do que um visto. Imagine um mundo onde eles constroem um muro para manter os terroristas dentro da América. Minhas orações e mais profundas condolências para seus familiares e pessoas queridas de todas as vítimas e as comunidades afetadas e traumatizadas do Texas, Califórnia e Ohio. Eu lamento muito suas perdas. Ninguém, merece morrer assim. Ninguém”.

Em entrevista para a Vogue, Rihanna ainda disse:
“Pessoas estão sendo mortas por armas de guerra que elas conseguem legalmente. Isso não é normal, isso nunca deveria ser normal. O fato que é qualificado como algo diferente devido à cor da pele deles? É um tapa na cara. É completamente racista.”

Se me atacar eu vou atacar

Rihanna já chegou a proibir Trump de usar suas músicas em comícios e afirmou que o líder americano usou de modo ‘não consentido’ a música ‘Don’t Stop the Music’. Na época, ela ressaltou que não se posiciona a favor das políticas do parlamentar e pediu aos seus advogados que escrevessem uma notificação e enviassem aos responsáveis pelo evento. Se isso voltasse a acontecer, Rihanna deveria entrar com um processo por uso indevido de propriedade intelectual. Ela retuitou um post de um repórter do Washington Post que relatava que a música embalava um comício do republicano no Tennessee. No perfil oficial no Twitter, Rihanna disse: “Não por muito mais tempo. Eu e minha galera jamais iria a um evento trágico desses”.

Rihanna inclusive chegou a deixar os EUA e morar em Londres nos últimos anos, não só a trabalho por conta das suas marcas FENTY e parceiros europeus, mas também por uma questão de exílio político. Por ser embaixadora de Barbados, país que foi colônia Britânica, Rihanna pode ser asilada lá caso esteja sob qualquer ameaça devido a seu ativismo e trabalho como diplomata.

Enquanto a sua relação com o líder norte-americano é cheia de atritos, sua ligação com outros líderes mundiais é bem mais amigável, inclusive sendo convidada da ONU e da Global Citizen como porta-voz de diversas causas.

Além de ser amiga da então ministra de Barbados, Mia Mottley, Rihanna sempre mantém contato publicamente com grandes líderes mundiais em função de apoio global, como no dia em que Riri e o príncipe Harry se encontraram em Barbados para as comemorações pelos 50 anos de independência do país caribenho, que ainda mantém a rainha Elizabeth II como chefe de Estado. A dupla, inclusive, foi voluntária nos testes de HIV no Dia Mundial de Luta Contra a Aids, para conscientização.

Ela faz o mundo dela

Rihanna já juntou forças com Emmanuel Macron, presidente francês, para apoiar a educação nos países mais pobres do mundo. A dupla pediu para líderes mundiais e doadores aumentarem apoio ao ensino em uma conferência de financiamento da Global Partnership for Education (Parceria Global para a Educação, GPE, na sigla em inglês) em Dacar, capital do Senegal.

Mirando no encontro entre os membros do G20 (grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia), Rihanna utilizou seu Twitter para chamar a atenção para a questão e cobrar líderes mundiais sobre a educação. A cantora escreveu diretamente para Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, Emmanuel Macron, presidente da França e Steffen Seibert, chefe de comunicação do governo alemão.

Agora em 2020, Rihanna tem se dedicado a ajudar os necessitados durante a pandemia. Junto ao CEO do Twitter, Jack Dorsey, ela doou US$ 4,2 milhões (mais de 22 milhões de reais) ao Mayor’s Fund de Los Angeles, de modo a ajudar as vítimas de abuso doméstico na cidade. Em meados de maio, a cantora também revelou que doou US$ 5 milhões (cerca de R$ 25,1 milhões) para grupos que trabalham oferecendo atendimento médico e alimentação à população e à Organização Mundial da Saúde.

Rihanna é só orgulho, sabe utilizar sua influência como celebridade global e cumpre bem com o seu papel de artista que é engajar a sociedade em prol de causas humanitárias e do senso coletivo, o que faz dela uma grande ativista.

Quando recebeu o prêmio de ativista do ano pela Harvard, em 2017, Rihanna discursou: “Eu sei que cada um de vocês tem a oportunidade de ajudar alguém. Tudo o que vocês precisam fazer é ajudar uma pessoa sem esperar nada em troca. Para mim, isso é ser um ativista”, declarou. […] Minha avó sempre dizia que se você tem um dólar, você tem muito a compartilhar”.

Veja o discurso completo legendado abaixo:

A avó de Rihanna inclusive é quem dá nome a sua fundação Clara Lionel Foundation (CLF), que é por onde Rihanna faz a maior parte dos seus trabalhos como embaixadora humanitária. Enquanto o álbum novo não chega, devemos celebrar e apoiar esse trabalho incrível que Rihanna tem feito pelo mundo como ativista e diplomata. Inclusive, você pode fazer doações e conhecer melhor seus projetos sociais no site da sua fundação e/ou comprando produtos da marca FENTY que tem seus ‘royalties’ totalmente direcionados para apoiar suas causas.

Antes de perguntar onde está o R9, lembre-se de todas as ações que Rihanna faz para melhorar o mundo. Amém?

RIHANNA.com.br — com você e para você

 

Igor Ramos
Igor Ramos
Ator, diretor de arte e estudante de Estética e Teoria do Teatro (UNIRIO).

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